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Archive for novembro \19\+00:00 2008

 

A questão étnica e especificamente a racial parece estar diretamente relacionada à história dos povos. O racismo se apresenta de diversas maneiras em diferentes tipos e formas dependendo do contexto político, filosófico e geográfico; judeus e palestinos; alemães e judeus; negros e brancos; nordestinos e sulistas; árabes e americanos chegando ás margens da xenofobia.

 

Podemos até inferir que cada contexto é determinante para o tipo de racismo desenvolvido. O racismo configura-se entre outras coisas em primeiro, pela rejeição deliberada ou injustificadamente motivada por: história, tradição, educação familiar, cor e credo e posição social; e em segundo pelo estreitamento deliberado de possibilidades de um individuo exercendo sobre ele algum tipo de opressão evitando que este se desenvolva com plenos direitos em uma sociedade.

 

 No tocante à manifestação de racismo, devemos considerar alguns meios pelo qual este se torna efetivo na sociedade. O primeiro dentre outros e talvez o mais cruel meio de preservação e proliferação do racismo é a banalização desta questão encontrada no humor popular. A cultura do humor popular, piadas e chocarrices expressam de forma “descontraída” xenofobia, racismo, preconceitos além da banalização de outros temas.

 

O efeito de tal cultura está inserido no cotidiano, invertendo valores e transmutando conceitos. O segundo evento talvez de cunho mais psicológico que colabora para o racismo é a interiorização de modelos de classes raciais, sociais religiosas etc. Para esta reflexão trabalharei apenas com o que chamo de o pseudo  modelo “negro e branco”.

 

O primeiro é interiorizado de forma inconsciente pelos “pobres”. Este pseudo modelo parece exercer forte influência sobre aquele que o assume. Proposto pelos livros didáticos de história deste o primário e pela mídia. Deixo claro aqui, que não busco transmitir nenhum tipo de juízo de valor.

 

As características deste modelo são: oprimido, pobre, sem perspectivas sociais e profissionais, metido atrás de contravenções lutando contra um mundo de forma solitária.

O pseudo modelo “branco” também é interiorizado, por alguns pobres e alguns ricos este é apresentado como: sempre limpo, bem sucedido socialmente, com sorriso perfeito, esbanjando gentileza e quase sempre vítima do negro.

 

Existem outras características para serem destacadas por quem lê este texto, afinal esta é sua finalidade, todavia, o ponto fundamental da questão discutida aqui é que estes dois pseudo modelos, não  são comprovadamente verdadeiros, podendo ser consideradas construções ideais, mas, que não se comprovam em sua totalidade e em todos os aspectos, todavia, são assimilados como sendo concretos causando impacto na cosmovisão do individuo gerando uma cultura e uma sociedade dividida, música negra música branca, roupa de negro roupa de branco, casa de negro casa de branco, automóvel de negro automóvel de branco…

 

 Não podemos negar a realidade de que a história do pensamento brasileiro é permeada pelo conceito escravista, e que este, ainda colabora para proliferação do racismo por meio da prática opressiva e restringente.  É justamente aí que podemos verificar o choque no campo da estrutura social.

 

 Este tipo de descriminação é motivado pelo segundo ponto sobre qual argumentei: “estreitamento deliberado de possibilidades de um indivíduo exercendo sobre ele algum tipo de opressão evitando que este se desenvolva com plenos direitos em uma sociedade”.

 

Florestan Fernandes trabalha sobre esta questão, mas, especificamente, sobre: a “condição social dos negros em nossa sociedade”, combatendo o que podemos chamar de uma falsa democracia racial, afirmando que na verdade esta “democracia” é envolvida por preconceitos.  A rejeição deste ponto de vista é enquadrada por Fernandes como “entorpecimento infantil”.

 

 

A relação social entre grupos “diferentes” tem sido historicamente marcada por desigualdade. Isso não significa necessariamente que uma cor ou raça será sempre o ponto determinante para que certa camada da sociedade seja dominante como os gráficos de IDH e partidos políticos escolhem afirmar.

 

A partir de uma visão critica, observaremos que diversos fatores podem colaborar para não existência de uma democracia racial. No Brasil e talvez no mundo ocidental a concentração de riquezas seja a atual fomentadora de descriminação de todos os tipos e não importando a cor, religião, raça. Nos EUA país que outrora foi conhecido como divido por raça negra e branca tem em um presidente recém eleito negro como esperança para a nação.  

 

Talvez essa opinião cause desagrado, todavia, o problema continua em discussão. A desigualdade “social, racial e democrática” precisa ser discutida tendo com objetivos e soluções claras, desprendidas de filosofias políticas de A ou B e de interesses dos grandes meios de comunicação. A democracia racial ainda é um ideal e talvez não mude na mesma proporção que esperamos, assim como acontece com a democracia: social, religiosa, política, econômica o desenvolvimento para a igualdade parece não ser possível nem mesmo a humanidade, haja visto, que só nos últimos 500 anos a história dos povos comprova em quase sua totalidade  tal ponto de vista. A sociedade não mudará para melhor enquanto o individuo em sua individualidade ser movido por sua filosofia de vida baseada na economia.

 

Fábio de Oliveira.

 

 

 

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O modelo educacional Brasileiro, desde as primeiras incursões dos jesuítas da companhia de Jesus até os dias atuais, tem seguido um modelo regido principalmente pelo pragmatismo político e religioso até mais do que o ideológico. A colonização realizada por Portugal foi altamente prejudicial à concepção de educação na capital portuguesa que futuramente receberia o nome de Brasil. A influência da religião romana neste país também foi um fator preponderante para a educação.

 

“A maneira como a igreja católica considerou o pensamento moderno ressalta a realidade do contexto de colonização do Brasil, isso porque houve um bloqueio em torno da ciência na área filosófica, por evocação de Tomás de Aquino na fundamentação da física Aristotélica, chegando ao ponto de ser denominada segunda escolástica portuguesa”.[1]

 

No Brasil a educação nos padrões Ratio Estudiorum [2] é um elemento importante para a compreensão do tipo de perspectiva adotada pelas políticas de educação futuras. Assim, o caráter educacional primitivo nacional foi forçado a aceitar este modelo, que na verdade viola a questão social gravemente, se distanciando do ideal de formação cidadã encontrada no período clássico da cultura grega, como vemos:

 

“No período novo a partir de Péricles (461-429) a ênfase educacional “muda de paradigma”. O conceito de educação já não busca a virtude ou verdade como um bem humano; a educação do indivíduo se volta para a “necessidade da Pólis” para capacitar o cidadão a exercer funções nos altos postos da administração e na política da cidade. Um novo processo educativo “pragmático” em suas bases e há um gradual abandono do ideal educativo de Sócrates, Platão e Aristóteles”. [3]

 

No período citado, a educação se volta para a formação do indivíduo social, capaz de produzir comprar, interagir na política, e crítico. “Para o mundo grego, que inventou a democracia exclusiva, para os grandes proprietários de terras, o ser cidadão define-se pela liberdade do individuo e pela igualdade entre pares”.[4] 

Assim, essa perspectiva assume um papel significativo no desenvolvimento filosófico da educação dos períodos posteriores.  Podemos citar mais uma vez a mestre em educação, Marlene Ribeiro:

 

“Uma compreensão ampliada do que seja educação abrange os processos formativos que se realizam nas práticas sociais relacionadas às diferentes manifestações de convivência humana que ocorrem na vida familiar, no trabalho, no lazer, na participação política e no aprendizado escolar”. [5]  

 

Como fruto da Constituição de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei 9.394/96) assume uma postura mais liberal e democrática e a visão social ganha, a meu ver, adeptos, pensadores influentes como Paulo Freire, que defendem o modelo de educação social não apenas no âmbito da estrutura escolar, mas, na própria sociedade. No entanto, ele mesmo se preocupa com o atual contexto “Paulo Freire não se preocupa apenas com o fracassso da escola. Preocupa-se também com o fracasso da sociedade inteira como sociedade educativa” [6]. O modelo atual ainda é regido pelo princípio da moral católica romana de que “o homem está na terra por simples castigo; que o homem é um vil bicho da terra e um pouco de lodo; e pela ênfase da condenação da riqueza; a pobreza é uma virtude” [7]. Esse modelo imposto pelos portugueses dificulta em muito um compromisso com modelos melhores como o americano, por exemplo, que é baseado no protestantismo. Assim a influência de tal mentalidade afeta tanto a perspectiva de uma educação social quanto de educação individual, ao modelo da Paidéia de Sócrates, Platão e Aristóteles, como podemos ler: “Refletindo sobre os ideais educativos dos gregos o conceito de arete pode ser interpretado como uma virtude própria, conjunto de qualidades físicas  espirituais e morais que pode ser conquistado, conscientemente procurado. [8]

Como conciliar uma perspectiva de construção da educação humana baseado na valiosa humanidade do indivíduo com uma perspectiva de colonizados internalizada pelo pragmatismo político e religioso?

 


[1] Op. Cit. PAIM Antônio p.17  Por: LADEIA D Rodrigues Teologia para a Vida  Revista teológica do Seminário Presbiteriano José Manoel da Conceição artigo: “critica à moral contra reformada” pág 95

[2] Ratio Studiorum é uma tendência ou filosofia dominante na história da educação brasileira que começou com os catequisadores da Companhia de Jesus cujo significado era: a separação entre instrução mínima para os “de baixo” e a formação clássica para “os do alto”. Os brancos filhos dos colonizadores recebiam educação humanista intelectual e os índios, negros e mestiços bastava a catequisação.

[3] OLIVEIRA Fábio Artigo; Educados segundo os ideais míticos,  post em www.creiologos.wordpress.com agosto 2008.

 

[4] RIBEIRO Marlene universidade federal do Rio Grande do Sul. Artigo: Educação para a cidadania: questão colocada pelos movimentos sociais. Publicado na Revista da faculdade de Educação da Usp jul/dez 2002 volume 28 pág 114.

[5] Ibidem  Op. Cit p. 115.

[6] PILETTI Claudino Filosofia da Educação. Editora Àtica Pág 38

[7] PAIM Antonio Op. Cit., pp. 18-20

[8] OLIVEIRA Fábio Artigo; Educados segundo os ideais míticos,  post em www.creiologos.wordpress.com agosto 2008.

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Um poema sobre o tempo.

 

 

 

Agostinho; In Memórian

 

O tempo está em mim?

Ou eu é que estou no tempo?

Fora de mim o tempo é tempo?

E sem mim, o tempo é?

 

……..Sem o algum eu, o tempo permanece?

O tempo e se perde nele mesmo sem o eu de cada coisa.

O eu e o tempo são namorados eternos.

Quanto tempo, eu, tenho?

As marcas no eu, de algum modo, podem revelar o tempo; obscuro

para a lógica,

mas, não aos sentidos.

                       A lógica é ingênua para conter o tempo, e, nela, não podemos

 aprisioná-lo.

Mas, e o eu?

Em mim, o tempo é aprisionado:

Na minha face refletida por espelho, eu posso vê –lo, ele, o tempo.

Ele está lá, e dos meus olhos, pele, mãos, ele não pode fugir. Está preso!

Enclausurado no eu que sou eu.

dez, vinte, trinta, oitenta anos!

Eu posso tocar o tempo em meu corpo envelhecido, de mim, ele não foge!

Sem o eu o tempo está perdido no tempo, sem referencia sem razão!

 

Quem está em quem?

O tempo está em mim?

Ou eu é que estou no tempo?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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