A questão étnica e especificamente a racial parece estar diretamente relacionada à história dos povos. O racismo se apresenta de diversas maneiras em diferentes tipos e formas dependendo do contexto político, filosófico e geográfico; judeus e palestinos; alemães e judeus; negros e brancos; nordestinos e sulistas; árabes e americanos chegando ás margens da xenofobia.
Podemos até inferir que cada contexto é determinante para o tipo de racismo desenvolvido. O racismo configura-se entre outras coisas em primeiro, pela rejeição deliberada ou injustificadamente motivada por: história, tradição, educação familiar, cor e credo e posição social; e em segundo pelo estreitamento deliberado de possibilidades de um individuo exercendo sobre ele algum tipo de opressão evitando que este se desenvolva com plenos direitos em uma sociedade.
No tocante à manifestação de racismo, devemos considerar alguns meios pelo qual este se torna efetivo na sociedade. O primeiro dentre outros e talvez o mais cruel meio de preservação e proliferação do racismo é a banalização desta questão encontrada no humor popular. A cultura do humor popular, piadas e chocarrices expressam de forma “descontraída” xenofobia, racismo, preconceitos além da banalização de outros temas.
O efeito de tal cultura está inserido no cotidiano, invertendo valores e transmutando conceitos. O segundo evento talvez de cunho mais psicológico que colabora para o racismo é a interiorização de modelos de classes raciais, sociais religiosas etc. Para esta reflexão trabalharei apenas com o que chamo de o pseudo modelo “negro e branco”.
O primeiro é interiorizado de forma inconsciente pelos “pobres”. Este pseudo modelo parece exercer forte influência sobre aquele que o assume. Proposto pelos livros didáticos de história deste o primário e pela mídia. Deixo claro aqui, que não busco transmitir nenhum tipo de juízo de valor.
As características deste modelo são: oprimido, pobre, sem perspectivas sociais e profissionais, metido atrás de contravenções lutando contra um mundo de forma solitária.
O pseudo modelo “branco” também é interiorizado, por alguns pobres e alguns ricos este é apresentado como: sempre limpo, bem sucedido socialmente, com sorriso perfeito, esbanjando gentileza e quase sempre vítima do negro.
Existem outras características para serem destacadas por quem lê este texto, afinal esta é sua finalidade, todavia, o ponto fundamental da questão discutida aqui é que estes dois pseudo modelos, não são comprovadamente verdadeiros, podendo ser consideradas construções ideais, mas, que não se comprovam em sua totalidade e em todos os aspectos, todavia, são assimilados como sendo concretos causando impacto na cosmovisão do individuo gerando uma cultura e uma sociedade dividida, música negra música branca, roupa de negro roupa de branco, casa de negro casa de branco, automóvel de negro automóvel de branco…
Não podemos negar a realidade de que a história do pensamento brasileiro é permeada pelo conceito escravista, e que este, ainda colabora para proliferação do racismo por meio da prática opressiva e restringente. É justamente aí que podemos verificar o choque no campo da estrutura social.
Este tipo de descriminação é motivado pelo segundo ponto sobre qual argumentei: “estreitamento deliberado de possibilidades de um indivíduo exercendo sobre ele algum tipo de opressão evitando que este se desenvolva com plenos direitos em uma sociedade”.
Florestan Fernandes trabalha sobre esta questão, mas, especificamente, sobre: a “condição social dos negros em nossa sociedade”, combatendo o que podemos chamar de uma falsa democracia racial, afirmando que na verdade esta “democracia” é envolvida por preconceitos. A rejeição deste ponto de vista é enquadrada por Fernandes como “entorpecimento infantil”.
A relação social entre grupos “diferentes” tem sido historicamente marcada por desigualdade. Isso não significa necessariamente que uma cor ou raça será sempre o ponto determinante para que certa camada da sociedade seja dominante como os gráficos de IDH e partidos políticos escolhem afirmar.
A partir de uma visão critica, observaremos que diversos fatores podem colaborar para não existência de uma democracia racial. No Brasil e talvez no mundo ocidental a concentração de riquezas seja a atual fomentadora de descriminação de todos os tipos e não importando a cor, religião, raça. Nos EUA país que outrora foi conhecido como divido por raça negra e branca tem em um presidente recém eleito negro como esperança para a nação.
Talvez essa opinião cause desagrado, todavia, o problema continua em discussão. A desigualdade “social, racial e democrática” precisa ser discutida tendo com objetivos e soluções claras, desprendidas de filosofias políticas de A ou B e de interesses dos grandes meios de comunicação. A democracia racial ainda é um ideal e talvez não mude na mesma proporção que esperamos, assim como acontece com a democracia: social, religiosa, política, econômica o desenvolvimento para a igualdade parece não ser possível nem mesmo a humanidade, haja visto, que só nos últimos 500 anos a história dos povos comprova em quase sua totalidade tal ponto de vista. A sociedade não mudará para melhor enquanto o individuo em sua individualidade ser movido por sua filosofia de vida baseada na economia.
Fábio de Oliveira.